Nos últimos meses, algo extraordinário acontece conosco, e tem-nos contagiado, embora mais perceptivelmente para algumas pessoas, e menos para outras. Obviamente, no passado, já experimentamos outros ciclos de comunhão intensa, mas é interessante observarmos o que está acontecendo agora para que seja gerado em nós gratidão, vigilância, perseverança e empenho, a fim de que este tempo perpetue-se.
A recepção com plaquinhas contendo mensagens amorosas, um cafezinho e um bom bate-papo no hall de entrada antes do culto, fazem diferença; a introdução na nave da igreja por um obreiro e o acompanhamento até o local com assento disponível, comunica nossa importância para a comunidade da fé; ver músicos e cantores revezando-se nas canções e ministrações, demonstra o valor e o respeito ao estilo de cantar/louvar de cada um; ver os departamentos ajudando-se mutuamente em seus retiros e congressos gera a certeza de que não se luta só; ver pessoas doando roupas, dinheiro e dons para sair pelas madrugadas “compartilhando amor” é emocionante; ver as dependências da igreja (salas, estacionamento, etc) totalmente ocupados nos dias e noites da semana é motivador; ver projetos sociais tornando-se realidade através da mutualidade, ver mutirões e viagens missionárias acontecendo, é bom demais!!! Ver a equipe pastoral cantando em seus momentos de oração, não tem preço.
Tudo isso (e muito mais!) resulta em reuniões edificantes, cultos de louvor e adoração que nos comovem, na certeza de que o Senhor está com os olhos abertos e os ouvidos atentos à oração que é feita por Sua Igreja (“Ouve, ó Deus, nossa oração, Altíssimo”). Isso é perceptível a todos nós.
Sim, talvez você esteja pensando que ainda estamos muito longe de uma comunhão plena. Você tem toda razão. Na verdade, creio que sempre estaremos muito distantes de um padrão de comunhão plena; mas estamos incansavelmente caminhando em direção a ela, e isso sim é o que importa, porque alegra o coração de Deus, e por isso perseveraremos, por amor a Ele, em obediência a Ele.
Observando esse quadro onde o dar de mãos têm sido preponderante, o Santo Espírito traz-me à memória o Salmo 133 (“Como é bom e agradável quando os irmãos convivem em união!”). Este é um Salmo de sabedoria, que celebra as alegrias da harmonia e da fraternidade entre irmãos.
Em Israel, essa unidade acontecia na convivência familiar, onde o pão era compartilhado à mesa; no trabalho, geralmente braçal, na lavoura ou no trabalho artífice, onde a tradição profissional era passada de pai para filho; mas dava-se também nacionalmente, onde as tribos reuniam-se na defesa de Israel contra os inimigos; na devoção, onde havia a transmissão da Lei e a oração a Yahveh, quotidianamente; ou na celebração das festas, onde aconteciam as viagens para Jerusalém, a fim de celebrar o nome Senhor.
Não é diferente em nosso meio, no século XXI, seja como corpo de Cristo, na experiência de estarmos inseridos na Igreja universal, seja como uma igreja local, em nosso caso, PIB Trindade; unidos na propagação do evangelho de Cristo Jesus, na doutrina bíblica, no partir do pão. Unidos nos projetos de nossa comunidade, na celebração do nosso aniversário de 65 anos (uhu!!!), na simples vestimenta de uma camiseta comemorativa, no cuidado para com o irmão, para que nada falte a ninguém, para que todos tenham tudo em comum; no assistencialismo ao doente, na doação de uma roupa ao que está nú, na entrega de um quilo de alimento, no ósculo santo… isso é bom e agradável!
O salmista compara tudo isso ao precioso óleo da unção que consagrava o sacerdote, descendo de sua cabeça, encharcando sua barba, molhando suas roupas… simbolicamente, era o amor fraternal permeando a nação e consagrando-a.
O resultado de tudo isso, segundo o salmista, é que a bênção do Senhor era decretada, gerando vida para sempre.
Amados irmãos, vida longa e prosperidade (no seu mais amplo sentido) são ideais do povo de Deus; que a guarda da Lei seja uma constante em nosso meio, em obediência e amor ao Senhor, e parte disso seja expresso na vida em comum, na unidade, na comunhão, porquê isso é bom e agradável.
Perseveremos na perfeição dessa unidade que ora experimentamos. Boa caminhada para todos nós!
Pr. CARLOS ALBERTO T.SOUZA